REDES TÉCNICO-CIENTÍFICAS NA FORMAÇÃO DO AMBIENTE CONSTRUÍDO NO IMPÉRIO PORTUGUÊS (1647-1871) 

A Aula de Fortificação e Arquitectura Militar, foi criada em Lisboa em 1647, logo após a restauração da independência. Seguiram-se a abertura de várias Aulas e Escolas em Portugal e nas suas províncias ultramarinas, um ciclo que terminaria em 1871 com o fecho da Escola Matemática e Militar em Goa, na Índia. Partindo das instituições administrativas e de ensino relacionadas com a construção do ambiente construído através do Império Português, o objectivo deste projecto é olhar para os agentes do dispositivo colonial, através do tempo e de geografias e entender como foram criadas redes de tecnociência através do império e moldadas às circunstâncias e aos interesses locais e vice-versa.

Focando-se em como estas redes foram criadas e se foram transformando seguiremos circuitos de expertise, padrões e agentes de disseminação e circulação de tecnociência, observando a mudança de papel de Portugal e do Império Português num mundo cada vez mais interligado.

Este projecto encerrou em Setembro de 2022 mas esta página será actualizada ainda durante algum tempo e depois será mantida como memória do projecto.

OBJECTIVOS

Depois da restauração da independência, a Aula de Fortificação e Arquitectura Militar foi criada em Lisboa, em 1647. Várias classes e escolas seguiram-se em Portugal e nos seus territórios ultramarinos, um ciclo que terminaria em 1871, quando a Escola Mathemática e Militar, na Índia Portuguesa foi fechada. Partindo de duas principais fontes bibliográficas do século XIX que nunca foram actualizados e que são até hoje recursos indispensáveis: José Silvestre Ribeiro, “Historia dos Estabelecimentos Scientificos Litterarios e Artisticos de Portugal nos Sucessivos Reinados da Monarquia” (1871) e Francisco Sousa Viterbo, “Dicionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses” (1899), este projecto irá actualizar estas obras conceptualmente e metodologicamente. A intenção é olhar para os agentes do dispositivo colonial – especialistas e instituições – através do tempo e do espaço para entender como é que eles criaram e formaram redes da tecnociência em todo o Império Português. Importa também perceber como estas redes mudaram (ou não) ao longo do tempo ou das diferentes geografias.

Seguindo os fluxos de conhecimento ao longo do tempo e observando os padrões e agentes na disseminação e circulação da tecnociência, estaremos a olhar para um mundo cada vez mais global. Importa considerar o papel de Portugal e do Império Português, neste processo de mudança e transformação em um mundo cada vez mais interconectado. A dimensão geográfica alargada da expansão implicou um mecanismo pragmático de desdobramento da actuação e da formação de agentes que foi precocemente adoptado para os engenheiros militares. Essa premissa básica da escola portuguesa de engenharia militar, que se desenvolveu concomitantemente em várias partes do globo, é um dado há muito reconhecido. Contudo a percepção efectiva do conjunto das relações internas entre os agentes e os próprios meios de formação em cada local está por ser feita. A intenção do projecto é colmatar esta falta investindo não apenas na actualização das informações relativas à actuação e formação destes agentes ao longo do tempo, mas sobretudo, na criação de uma efectiva base de dados relacional onde estas informações possam ser tratadas e analisadas qualitativa e quantitativamente nos seus diversos aspectos.

Um dos objectivos do projecto é desenvolver e disponibilizar esta base de dados numa plataforma de livre acesso, que visa, por um lado, dar apoio à investigação científica em diversas áreas e, por outro, servir a comunidade, através da disponibilização online de um instrumento que reúne e actua como mediador de informação que faz parte da herança cultural colectiva.

PTDC/ART-DAQ/31959/2017