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HUMANIDADES DIGITAIS E TECHNETEMPIRE VERSUS CENTROS DE CÁLCULO, QUADROS TÉCNICOS. MOBILIDADE E RAZÃO DE ESTADO EM PERSPECTIVA HISTÓRICA: CIÊNCIA, PLANEJAMENTO E O PAPEL DOS ENGENHEIROS MILITARES E CIVIS PORTUGUESES EM REDES TRANSNACIONAIS NOS SÉCULOS XVI A XIX

    • Beatriz Piccolotto Siqueira Bueno | Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – Universidade de São Paulo. Professora Associada

 

Partindo do conceito de “Centros de Cálculo” de Bruno Latour, com base nos resultados do TechNetEMPIRE, pretende-se acentuar algumas linhas de força entre Ciência e Planejamento no Império Português em perspectiva histórica, à luz das inovações e possibilidades de conhecimento propostas pelas Humanidades Digitais. O projeto TechNetEMPIRE dá a ver o que de outra forma não se vê, permite formular novas perguntas para velhos temas, bem como reforça e também alavanca novos eixos de investigação, pondo luz especialmente nos engenheiros do século XIX pouco explorados nos Dicionários de Viterbo. Nesse sentido, pretende-se:  1. Analisar as inflexões nas políticas oficiais de Portugal de criação de instituições devotadas à formação e ao exercício profissional de quadros técnicos de engenheiros militares e civis no Reino e no Ultramar, na longa duração de 1500 a 1870, em perspectiva global, numa interface dialética com as Razões de Estado; 2. Analisar as dinâmicas, mobilidade e capilaridade dos engenheiros no Império, atuações regionais, lógicas intercontinentais, atentando para dinâmicas entre Brasil e África, bem como no Estado da Índia entre África oriental, Mar Vermelho, Golfo Pérsico, Índia, China, Oceania, Timor; 3. Analisar a produção técnica e intelectual decorrente da atuação dos engenheiros militares e civis a serviço de Portugal nas mais variadas latitudes do planeta (cartografia, relatórios, projetos, planos, livros) em interface com as áreas percorridas e desafios enfrentados; 4. Refletir sobre o perfil dos personagens inventariados em sua capacidade de mobilidade; 5. Por fim, sinalizar novas questões e agendas de pesquisa que possam emergir a partir do TechNetEMPIRE.

 

Beatriz Bueno graduou-se em História pela Universidade de São Paulo (1990) e em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado (1988), doutorando-se e realizando livre-docência em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (FAUUSP, 2018). É Professora Associada da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, onde leciona desde 2002 as disciplinas de História da Urbanização e do Urbanismo. Junto do Professor Doutor Nestor Goulart Reis Filho, desenvolve pesquisas no LAP (Laboratório de Arquitetura, Urbanização e Preservação), atuando principalmente nos seguintes temas: História da Urbanização e do Urbanismo no Brasil; Cultura Profissional dos Arquitetos e Engenheiros; História do Mercado Imobiliário em São Paulo; e História da Cartografia. É autora dos livros “Desenho e Desígnio: o Brasil dos engenheiros militares 1500-1822” (Edusp, 2011), “Aspectos dos Mercado imobiliário em perspectiva histórica. São Paulo (1809-1950)” (Edusp, 2016) e “São Paulo: um novo olhar sobre a história. A evolução do comércio de varejo e as transformações na vida urbana” (Via das Artes, 2012), este último ganhador do Prêmio José Celestino Bourroul de melhor livro sobre São Paulo do ano de 2013, conferido pela Academia Paulista de História (APH). Em 2018 defendeu a tese de livre-docência “A cidade como negócio. Mercado imobiliário rentista, projetos e processo de produção do Centro Velho de São Paulo do século XIX à Lei do Inquilinato (1809-1942)”. Tem sido curadora de diversas exposições, com destaque para “Escritório Ramos de Azevedo: a arquitetura e a cidade”, no Centro Cultural dos Correios em 2015. Coordenou o dossiê “Caminhos da história da urbanização no Brasil-Colônia” dos “Anais do Museu Paulista” (v. 20, 2012), além de outros dois sobre cartografia em parceria com Iris Kantor (“Anais do Museu Paulista”, v. 17, n. 1-2, 2009). Gozou de Bolsa de Produtividade do CNPQ – PQ2 de 2012 a 2018.

 

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